13 mar 6 materiais plásticos recicláveis mais utilizados na indústria
O refino do petróleo origina a nafta, material essencial para a produção do plástico, cujas moléculas de carbono e hidrogênio passam por uma divisão química chamada de craqueamento, que forma monômeros, como o eteno e o propeno.
Já no processo de polimerização, novas reações químicas agrupam e ordenam esses monômeros para formar o polímero, cadeias moleculares longas e complexas, responsáveis por alterar as propriedades do plástico, relacionadas ao tamanho, estrutura, composição e interações moleculares.
Essas variações formam as duas categorias de plástico, os termofixos — plásticos não recicláveis — e termoplásticos, largamente utilizados na indústria pela sua aplicabilidade e possibilidade de reúso e reciclagem principalmente no pós-consumo.
Materiais plásticos recicláveis possuem características semelhantes ao material virgem: são impermeáveis, maleáveis e duráveis, possuem, ainda, outros diferenciais, pois, conferem melhor custo-benefício na produção industrial e sustentabilidade na gestão ambiental.
Neste post, abordaremos um pouco mais sobre materiais plásticos recicláveis e quais os principais tipos de plásticos resultantes de processos de reciclagem utilizados no setor industrial. Confira!
Classificação dos plásticos
Termofixos
Material rígido, que não sofre alterações químicas sob calor e pressão e, por isso, não pode ser remodelado após o seu resfriamento, não se submetendo a novos ciclos de processamento.
São termofixos os poliuretanos (PU), poliacetato de etileno vinil (EVA), poliésteres e resinas fenólicas (bolas de sinuca, adesivos, tintas) entre outros.
A maioria dos compostos termofixos é empregada em produtos de alta exigência técnica, específicos, bens duráveis (peças de automóveis ou aviões) e/ou são obsoletos e, por isso, mais de 90% das resinas encontradas no mercado são termoplásticos.
Existem ainda, materiais que dificultam o processo de reciclagem:
- recipientes para acondicionamento de comida que apresentam contaminantes de difícil remoção, como gordura;
- invólucros utilizados para acondicionamento de produtos tóxicos;
- espuma, celofane, fralda descartável, adesivo;
- baquelite — peças de rádio e telefone, cabo de panela, interruptores, tomadas;
- embalagens metalizadas;
- copos acrílicos.
Mesmo que o consumo desses tipos de plásticos seja menor que 10%, o ideal é evitar a sua utilização e descarte com criatividade, por meio do reúso em outras funções ou incentivando o reaproveitamento de suas partes.
Algumas empresas possuem programas de recolhimento de plástico de difícil reciclagem, colocando-os novamente na cadeia produtiva, a fim de evitar o envio para aterros e lixões.
Termoplásticos
Os principais termoplásticos (de acordo com aplicabilidade e volume consumido):
- polietilenos (PEAD , PEBD,PEMD,PEBDL,ETC.);
- policloreto de vinila — PVC;
- polietileno tereftalato — PET;
- polipropileno (PP);
- poliamidas ( PA);
- poliestireno (PS);
- acrilonitrila butadieno estireno (ABS);
- policarbonato (PC);
- polibutadieno tereftalato; (PBT).
Compostos de alta performance, de uso mais comercial, com melhores condições técnicas e de propriedades (processos, custos etc.). Quando aquecidos amolecem e, por isso, podem ser remoldados.
Abrangem diversos tipos de plástico usados em embalagem de alimentos, bebidas, produtos de beleza e de limpeza, tampas, brinquedos, copos, sacolas de supermercado e frascos diversos.
Plásticos que podem ser reciclados
Os plásticos que podem ser reciclados são representados por um triângulo formado por três setas com um número de identificação para classificação no centro.
Apesar de não ser obrigatória a utilização dessa simbologia na superfície das embalagens ou peças, esse número facilita o processo de reciclagem, já que auxilia na separação do material para a formação dos flakes (flocos resultantes do reprocessamento e reutilizados na indústria).
De acordo com a Indústria Brasileira de Transformação e Reciclagem de Material Plástico (Abiplast), são produzidas mundialmente 269 milhões de toneladas de resinas termoplásticas por ano.
No Brasil, as principais resinas são consumidas na seguinte proporção:
- PP — 22,3%;
- PVC — 15,6%;
- PEAD — 17,4%;
- PEBD — 10,6%;
- PEBDL — 12,4%;
- PET — 7,1%;
- PS — 4,6%;
- EPS — 2,3%;
- EVA — 1,4%.
Confira, a seguir, alguns exemplos desses materiais plásticos em que é possível realizar o processo de reciclagem.
1. Polietileno (PE)
Produzido com diferentes densidades, é um dos tipos de plásticos mais utilizados na indústria em embalagens de alimentos, tubos para cabos e fios, cordas e fibras para tapetes (também usado PET), frascos e caixas de bebidas, na composição de coletes à prova de balas e fibra óptica. São resistentes a muitos ácidos e soluções alcalinas e podem ser classificados em:
Polietileno de baixa densidade (PEBD)
Representado pelo número 4, é macio, fácil de dobrar, mais flexível, leve, transparente, impermeável e pode ser processado por sopro, extrusão ou injeção.
Ele é muito usado em embalagens como sacolas de supermercados, embalagens de leites e iogurtes, utensílios domésticos, brinquedos, revestimentos de tubos e mangueiras, sacos de lixo, embalagens têxteis, embalagens alimentícias, agrícolas, farmacêuticas e hospitalares.
Polietileno de alta densidade (PEAD)
Representado pelo número 2, o polietileno de alta densidade é leve, atóxico, inquebrável, rígido e resistente mecanicamente e quimicamente, sendo um dos mais utilizados devido o seu custo-benefício.
É usado em embalagens de produtos como detergentes, amaciante de roupas, potes e invólucros para o armazenamento de alimentos, na fabricação de artigos pirotécnicos, paletes plásticos, geomembranas em forros de aterros sanitários e na composição da madeira plástica.
Seu uso industrial está em embalagens de óleo, caixas de transporte, produtos químicos e tambores de tinta, mas também é encontrado no setor hospitalar e na construção civil.
Polietileno linear de baixa densidade (PELBD)
Com elevada capacidade de selagem em altas temperaturas, apresenta propriedades físicas de rigidez, densidade e resistência. Ele é utilizado em embalagens de alimentos, filmes industriais, absorventes higiênicos, fraldas descartáveis, lonas, brinquedos, produtos farmacêuticos e hospitalares.
Quando processado por extrusão, pode compor embalagem de aves, de pão e plástico bolha. Ao ser misturado com PEAD ou PEBD, compõe o material utilizado para criar sacaria industrial (embalagem para ração animal, filme agrícola etc.).
Polietileno de ultra-alto peso molecular (PEUAPM)
Apresenta-se em forma de pó, cuja polimerização é efetuada em uma ou mais etapas, com solvente de hidrocarboneto, para posteriormente passar por processos de prensagem, compressão ou extrusão por pistão e utilizado na indústria alimentícia, química, farmacêutica, de papel e celulose e de mineração.
É resistente a abrasão, fadiga cíclica, corrosão, impacto e inércia química. Pode compor revestimentos, misturadores, raspadores, mancais e tubos, bombas, válvulas, réguas, perfis, guias de desgaste, roletes para esteiras, entre outros.
Polietileno de ultrabaixa densidade (PEUBD)
Esse tipo de plástico é mais resistente, flexível e de melhores propriedades ópticas em relação ao polietileno linear de baixa densidade, muito aplicado como resina modificadora para aumentar a flexibilidade e resistência do PEAD, PEBD e polipropileno (PP).
Polietileno de média densidade (PEMD)
Obtido pela mistura mecânica do PEBD e PEAD, ele possui propriedades intermediárias. Utilizado em tubos para sistema de distribuição de água e gás em projetos de engenharia.
2. Politereftalato de etileno (PET)
Representado pelo número 1, são inquebráveis, resistentes a baixas temperaturas, leves, impermeáveis e rígidos. Sua preferência de aplicação se dá devido à resistência química e mecânica, brilho e transparência, o que também permite oferecer segurança e proteção aos produtos alimentícios envolvidos.
Algumas embalagens feitas com esse tipo de plástico possuem sistemas fáceis de abertura e fechamento, que são muito eficientes também para a manutenção dos alimentos.
A indústria de alimentos e bebidas, nos últimos anos, vem substituindo as embalagens de vidro e alumínio de seus produtos pelas de plástico PET, pela sua resistência, custo e reciclagem viabilizada em larga escala por cooperativas e empresas.
E, após processado, é utilizado para acondicionar detergentes e óleos, é empregado na indústria automobilística, em tecidos, vassouras, fios de carpete, sacolas, frascos de bebidas e alimentos, tampas, tambores para tintas, potes, utilidades domésticas etc.
Mas, apesar de o PET ser reciclável, algumas empresas lançam no mercado embalagens coloridas com certas tonalidades (vermelho e cor-de-rosa) que dificultam sua reciclagem pois podem se misturam com as cores tradicionais verde, cristal e marrom, específicas para a reciclagem.
3. Policloreto de vinila (PVC)
Mais conhecido como PVC, é um material resistente quimicamente contra agentes oxidantes, ácidos, bases e óleos. Por ser auto extinguível (não propaga fogo) é muito usado na construção civil em esquadrias, janelas, tubulações de água ou esgotos e mangueiras.
Sua resistência mecânica também faz com que seja um dos plásticos mais empregados na fabricação de brinquedos e calçados.
Representado pelo número 3, é de característica transparente, leve, resistente à temperatura, bom isolante térmico, elétrico e acústico e também inquebrável. Por ser composto apenas em 43% de petróleo (57% restante de cloro), o PVC é altamente reciclável e de custo reduzido de fabricação.
Pode ser usado também em:
- cartões magnéticos.
- peças decorativas;
- bolas, boias, colchões de ar e barcos
- embalagens de alimentos;
- móveis, vestuário, malas e bolsas;
- revestimento de interiores;
- tubulações de esgoto;
- sistemas de irrigação;
- na fabricação de piscinas, túneis, tetos;
- agente impermeabilizante de aterros sanitários.
4. Polipropileno (PP)
Representado pelo número 5, o plástico PP é mais duro que o polietileno, conserva por mais tempo as propriedades do seu conteúdo — quando usado em embalagens é inquebrável, transparente, brilhante, rígido e atóxico.
Tem alta resistência a mudanças de temperatura e baixa absorção de umidade. Por isso, é usado comumente em brinquedos, autopeças, tubos, fraldas infantis, embalagens industriais, caixotes, engradados plásticos para transporte de alimentos, entre outros.
Quando moldado pelo processo de extrusão, o polipropileno é usado para fabricação de filmes para confecção de embalagens flexíveis em geral, fios descontínuos, para escovas e vassouras ou contínuos para tecidos, tapetes, sacarias de grãos, revestimento de móveis e chapas.
Já o material resultante de sopro é utilizado para fabricação de recipientes para xampus e outros produtos de utilidades domesticas, como garrafas plásticas, enquanto o oriundo de injeção, uma infinidade de produtos principalmente por qualidade visual, dada a sua grande transparência.
5. Poliestireno (PS)
Representado pelo número 6, possui propriedades de impermeabilidade, leveza, transparência e rigidez, mas é sensível ao choque e pancadas.
Pode se apresentar como:
- poliestireno expandido (EPS) popularmente conhecido como isopor™, é um tipo de espuma moldável para fabricação de descartáveis como copos, talheres, pratos, embalagens protetoras para transporte, artesanato etc.;
- poliestireno sólido, também usado na fabricação de talheres descartáveis, mas também em caixas de CD e DVD, detector de fumaça, produtos médicos e farmacêuticos.
Encontrado ainda em potes de iogurte, sorvete, doce, fabricação de pratos, tampas, aparelhos de barbear, revestimento interno de geladeiras, brinquedos, eletrodomésticos, peças automobilísticas, entre outros.
6. Poliamidas
Também conhecido como Nylon, são polímeros compostos, em sua maioria, por amidas, que de acordo com seus grupos funcionais podem variar a quantidade de carbonos em sua composição polimérica, alterando suas propriedades.
Muito usada na fabricação de fibras sintéticas, tapetes, carpetes, cordas para alpinismo, mas também airbags, relógios, calçados esportivos, patins, barracas de camping, entre outros.
Uma quantidade considerável de poliamida é usada em veículos para reduzir o seu peso e aumentar as suas vantagens econômicas no consumo de combustível.
O processo de reciclagem na indústria
O processo mais utilizado para a reciclagem de materiais plásticos é a mecânica — mais sustentável e viável economicamente. Além dela, pode ser utilizado o processo químico e energético, soluções viáveis apenas para o tratamento de insumos continuamente reprocessados, como complementação da reciclagem mecânica.
Reciclagem mecânica
É o método mais usado e consiste em transformar todo o material oriundo do pós-consumo e da sobra industrial (aparas) em “pedaços menores” (flakes), que podem ser utilizados na produção de novos materiais na seguinte sequência:
- ocorre a destinação seletiva;
- coleta dos itens descartados por meio de associações de catadores, cooperativas ou pelo serviço municipal;
- triagem dos diferentes tipos de plásticos;
- analise, limpeza do material e descontaminação;
- aglutinação (secagem), compactação e redução do volume;
- reprocessamento do resíduo através de extrusão, para que o material seja fundido, homogeneizado e granulado.
Obs.: em geral, essas etapas podem variar de acordo com o tipo de material a ser reciclado.
Reciclagem química
Utilizada para reprocessar plásticos que já passaram por muitos processos de reciclagem mecânica, a fim de transformá-los em substratos petroquímicos básicos, matéria-prima para a criação de novos produtos de alta qualidade.
Não requer uma triagem minuciosa, sendo mais tolerante a impurezas, no entanto, o seu custo é mais elevado, assim como são necessárias quantidades grandiosas para que esse processo seja economicamente viável.
Reciclagem energética
É uma tecnologia que transforma insumos plásticos em energia térmica ou elétrica, por meio da incineração. Pode ser interessante, pois cria novas matrizes energéticas, mas possui um método de implantação muito caro e produz gases altamente tóxicos.
É o processo utilizado em trinta e cinco países, como a Noruega, mas ainda inviabilizado no Brasil, que possui apenas uma usina experimental no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — a Usina Verde.
Como qualquer outro material, o plástico pode ser poluente se descartado de forma incorreta. O tempo de decomposição do nylon, por exemplo é de 650 anos, embalagens longa vida, cerca de 100 anos, mas, embalagens de refrigerantes, sacolas, copos plásticos e fraldas descartáveis levam mais de 400 anos para se decompor.
Apesar disso, são muitas as possibilidades de reaproveitamento por meio da total colaboração da população nos processos de recolhimento e direcionamento dos materiais para a recuperação seletiva.
A reciclagem plástica é vantajosa, pois além de fomentar a economia local ao empregar pessoas, que participam do seu ciclo de forma direta nas indústrias ou indireta como catadores ou seletores, beneficia o meio ambiente ao possibilitar a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa e o volume desse produto em aterros sanitários, além da economia de energia e água em processos produtivos.
Quer saber mais sobre os tipos de plásticos, o processo de reaproveitamento de materiais recicláveis e o benefício para as empresas que empregam esse tipo de material? Selecionamos uma leitura interessante para você!
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